Qual a melhor maneira de ajudar um Sem abrigo?

15 de março de 2010

Todos temos um pouco de Sem-Abrigo

Há um pico na vida de cada um que nos leva a pensar que nada do que fazemos faz sentido, que nada do que se diz faz sentido e ,até mesmo, que nada do que vemos faz sentido. É tudo traduzido num mar de ondas gigantes que nos engolem constantemente sem termos corda para nos salvar. É como se entrássemos num poço sem fundo, como se nos atirássemos a um precipício, é, talvez, como se estrangulássemos a nós próprios com crueldade mas ao mesmo tempo sofrendo... É um ar que respiramos sem querer, mas mesmo sem querer o temos de respirar...
Tudo nos sufoca, estamos rodeados de gente e estamos sozinhos. A vida é bonita, mas é cruel. Aliás, também ninguém disse que era um mar de rosas, não sei porque razão haveremos de pensar que tudo é fácil. É tão fácil ver os outros a sorrirem, é tão fácil ver os outros a olharem-se sem medo. Mas como fazer isso sem impasse nenhum?
Quero tudo e nada, quero o calor de uma cama, quero o olhar de alguém sem ser de desprezo, quero as coisas mais simples do mundo que me são negadas. Mas não suporto, não suporto a ideia de ter coisas desnecessárias quando o que eu quero mesmo é tão simples. Não suporto a ideia de me darem tudo, mas esse tudo não chegar. E não chega pura e simplesmente porque é um tudo carregado de coisas materiais. Quero calor, quero afecto, quero alguém para conversar e saber que esse alguém não tem qualquer interesse que não seja um olhar amigo. Sinto o coração tão cansado, sinto-o a bater tão de vagar que quase se descompassa...
De uma maneira ou de outra, umas vezes mais outras menos, todos nós somos sem-brigos imaginários. Há alturas na vida que mesmo na nossa casa nos sentimos estranhos e incomodados, como se não tivéssemos um abrigo onde nos esconder e gente que nos acolha. Então por que havemos de insistir em não ajudar aqueles que passam a margem do imaginário?
A vida uma montanha. É uma montanha e nós os escaladores. Escaladores que, por vezes, sobem ao cume e sem querer resvalam para o outro lado da montanha e não voltam a subir....





Ana Rodrigues

Arquivo do blogue