Qual a melhor maneira de ajudar um Sem abrigo?

21 de maio de 2010

Coincidências


É inútil negar a ironia da vida. Quando menos se espera, esse bicho, que é a vida, espeta-nos uma facada nas costas sem sequer darmos por ela até nos virarmos para trás.

Pergunto-me se foi coincidência o facto de estar, eu e colegas de grupo, a percorrer ruas e ruas a fio questionando pessoas sobre a vida de um sem-abrigo e calhar-me, precisamente a mim, uma pessoa perfeitamente normal, vestida para um dia de calor e após eu ter mencionado “Boa tarde, estamos a organizar um trabalho sobre os Sem-Abrigo”, responder-me: eu sou um…

Como me apeteceu largar todos os papeis que tinha em mãos e abraça-la e pedir-lhe, ao mesmo tempo, mil desculpas. Mas isso era pouco…

Foi dos momentos mais arrepiantes que tive e constrangedores de sempre. Foi num factor de segundos mas olhámo-nos todas umas às outras e decidimos, mesmo que mentalmente, seguir em frente com o questionário (pois é uma pessoa igual a todas) mas de uma forma indirecta.

Nesse dia, essa pessoa, desconhecida de nome, conhecida apenas de idade, passou-me uma lição enorme à cerca da vida: Um é tanto ou mais que o outro pelo seu interior, desvalorizando qualquer roupa, quaisquer sapatos, qualquer um apetrecho, qualquer tipo de etnia e raça. A diferença das pessoas está no seu percurso pela vida, nas memórias, nos erros cometidos, nas vitórias alcançadas, nos sonhos. Olhando só e apenas para a “embalagem” como podemos julgar uma pessoa se nem sequer sabemos qual o conteúdo?

As coincidências não são vãs e a vida é feita delas.



Ana Rodrigues

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