Décimo segundo dia do primeiro mês do ano. Frio. Quatro personagens que outrora vieram sentadas nuns bancos de tom laranja incandescentes de um comboio, chegaram à estação de destino - Coimbra B.
Após umas dóceis gargalhadas que tentavam fazer com que o tempo passasse mais depressa, o meio de transporte foi deixado ali, estático e adormecido.
Uma brisazinha, ligeiramente atrevida, insistia em penetrar por entre as mangas do casaco, enquanto a ânsia de chegar à instituição se apoderava de mim. As pernas tremiam, os dentes teimavam em bater. O frio continuava. Ainda tínhamos uma longa caminhada até chegarmos à instituição do dia - Federação Portuguesa de Bancos Alimentares.
Meio azulada e afastada da baixa coimbrense, localizava-se a associação que tanto procuravamos.
Os nervos decidiram recordar-se de mim e aparecerem sem sequer terem sido convidados.
Entrámos. Excelentemente recebidos pelo presidente da Federação, o medo do erro persistia. Iniciada a conversa, após uma apresentação bastante simpática e acolhedora, os pontos de interrogação começam a surgir. Contudo, o grande medo do erro permanecia nos poros que tentavam respirar. Não afastando o orgão que chefia a audição da conversa, procurei o sentido de existirem tantas pessoas com fome, com frio e sem apoio. Os porquês iam aumentando.
Por momentos, uma raiva absoluta consumiu-me.
A visita às instalações continuava e a simpatia permanecia na fala de cada um. Apontados os pontos fulcrais numa folha velha, isto é, num rascunho cuja profissão é salvar o mundo, noto que está tudo prestes a acabar. Mas não para sempre, pois o grupo promete voltar com a mesma ou mais dedicação.
Repetindo, com uma despedida mas não para sempre, os pés retiraram-se com delicadeza, exigindo aos lábios o esboço de um sorriso solidário.
Patrícia Oliveira
texto muito bem organizado e muito explicito. Gostei muito :)
ResponderEliminarQue a determinação que colocaste neste projecto seja uma constante na tua forma de vida.Ter tempo para observar e sentir , a realidade que teima em estar e tocar-nos, é privilégio dos mais sensiveis e atentos.No entanto, adormecidos nos vícios da vida e egocêntricos na tomada de decisões nem sempre tomamos as melhores decisões que o Mundo precisa.
ResponderEliminarAcredito na mudança.
Bom trabalho.