Qual a melhor maneira de ajudar um Sem abrigo?

29 de janeiro de 2010

Um dia diferente...

Décimo segundo dia do primeiro mês do ano. Frio. Quatro personagens que outrora vieram sentadas nuns bancos de tom laranja incandescentes de um comboio, chegaram à estação de destino - Coimbra B.
Após umas dóceis gargalhadas que tentavam fazer com que o tempo passasse mais depressa, o meio de transporte foi deixado ali, estático e adormecido.
Uma brisazinha, ligeiramente atrevida, insistia em penetrar por entre as mangas do casaco, enquanto a ânsia de chegar à instituição se apoderava de mim. As pernas tremiam, os dentes teimavam em bater. O frio continuava. Ainda tínhamos uma longa caminhada até chegarmos à instituição do dia - Federação Portuguesa de Bancos Alimentares.
Meio azulada e afastada da baixa coimbrense, localizava-se a associação que tanto procuravamos.
Os nervos decidiram recordar-se de mim e aparecerem sem sequer terem sido convidados.
Entrámos. Excelentemente recebidos pelo presidente da Federação, o medo do erro persistia. Iniciada a conversa, após uma apresentação bastante simpática e acolhedora, os pontos de interrogação começam a surgir. Contudo, o grande medo do erro permanecia nos poros que tentavam respirar. Não afastando o orgão que chefia a audição da conversa, procurei o sentido de existirem tantas pessoas com fome, com frio e sem apoio. Os porquês iam aumentando.
Por momentos, uma raiva absoluta consumiu-me.
A visita às instalações continuava e a simpatia permanecia na fala de cada um. Apontados os pontos fulcrais numa folha velha, isto é, num rascunho cuja profissão é salvar o mundo, noto que está tudo prestes a acabar. Mas não para sempre, pois o grupo promete voltar com a mesma ou mais dedicação.
Repetindo, com uma despedida mas não para sempre, os pés retiraram-se com delicadeza, exigindo aos lábios o esboço de um sorriso solidário.

Patrícia Oliveira

2 comentários:

  1. texto muito bem organizado e muito explicito. Gostei muito :)

    ResponderEliminar
  2. Que a determinação que colocaste neste projecto seja uma constante na tua forma de vida.Ter tempo para observar e sentir , a realidade que teima em estar e tocar-nos, é privilégio dos mais sensiveis e atentos.No entanto, adormecidos nos vícios da vida e egocêntricos na tomada de decisões nem sempre tomamos as melhores decisões que o Mundo precisa.
    Acredito na mudança.
    Bom trabalho.

    ResponderEliminar

Arquivo do blogue